quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A Carne é Fraca (documentário)

Você ainda é carnívoro? Não conhece a grande realidade da industria bovina e da granja? Este é o filme certo. Este documentário feito pelo Instituto Nina Rosa, uma ONG sem fins lucrativos, foi indicado para o Festival Internacional de Cinema Ambiental.

“Alguma vez você já pensou sobre a trajetória de um bife antes de chegar ao seu prato? Nós pesquisamos isso para você e contamos neste documentário aquilo que não é divulgado. Saiba dos impactos que esse ato – aparentemente banal – de consumir carne representa para a sua saúde, para os animais e para o Planeta.” – Sinopse feita pelos produtores.

O documentário conta com depoimentos dos jornalistas Washigton Novaes e Dagomir Marquezi, entre outros, como pesquisadores universitários.

É surpreendente, 80 por cento das pessoas que assistem ao filme nunca mais agem da mesma forma ao comer carne, sempre com um peso na consciência, e muitos, muitos mesmo, passaram a se tornar vegetarianos após ver esse filme, pois ele “abre os olhos”.

O filme apresenta algumas cenas fortes sobre o processo industrial da granja, do abate dos bovinos, entre outros animais. Algumas cenas são marcantes, como o abate dos bois; como tratam as galinhas, o famoso babybife, a “escolha” dos pintinhos. Porém, necessárias, pois esta é a intenção: causar impacto nas pessoas, pois de certa forma, infelizmente, a maioria hoje só toma uma atitude depois de um impacto muito grande.

Recomendo para todos. As crianças podem ficar um pouco traumatizadas, mas também poderão deixar de comer carne pelo resto de suas vidas, e passarão a ter mais compaixão pelos animais, e repudiar a morte e a desumanidade.

(Evandro)

Um Sonho de Liberdade


É considerado por muitos como um dos melhores dramas já produzidos no cinema, embora, em 1995, tenha perdido o Oscar de melhor filme para Forrest Gump - O Contador de Histórias. Também foi indicado nas categorias de melhor ator com Morgan Freeman, melhor roteiro adaptado, melhor montagem, melhor fotografia, melhor som e melhor trilha sonora, mas infelizmente não conseguiu levar nenhum desses prêmios.

Os prêmios não refletem a realidade da qualidade da produção: Um Sonho de Liberdade, do diretor Frank Darabont, realmente pode ser considerado como um dos grandes filmes de Hollywood na década de 90. Dessa forma, é interessante ressaltar aqui que o diretor parece gostar de produzir dramas, pois o mesmo, além deste, fez outra produção em 1999 - À Espera de um Milagre - que também, em sua maioria, se passa em uma penitenciária. Ambos foram escritos pelo famoso Stephen King.

O filme conta a história de Andy Dufresne, um banqueiro que foi injustamente condenado à pena de prisão perpétua pelo homicídio de sua mulher e seu amante, a ser cumprida na penitenciária de Shawshank, em 1947. Calado e misterioso, Andy atrai a atenção de muitos presos, inclusive de Ellis Boyd Redding, conhecido como Red, que se torna seu amigo com o passar do tempo. Porém, por possuir grandes conhecimentos financeiros, Andy acaba sendo vítima de mais injustiças, onde os guardas o exploravam para conseguir dinheiro fácil. Apesar das chances serem quase nulas, ele tenta não desistir de lutar por sua liberdade.

O que mais chama a atenção nesta produção é o roteiro, que foi muito bem elaborado e trabalhado, enfatizando em vários momentos a dura realidade de quem está atrás das grades e como esta pessoa consegue conviver sabendo que não tem chances de sair de lá algum dia. Não deixando de apresentar todas as situações que podem acontecer em uma prisão, desde uma pequena briga ou discussão até a corrupção existente entre os funcionários e administradores, a força do filme está também na sua diversidade: uma prisão como a apresentada no filme pode tornar-se um mundo totalmente à parte do nosso mundo, e os valores lá dentro podem ser totalmente diferentes dos nossos valores, como cidadãos livres.

Quanto aos personagens, seus diálogos são muito bem elaborados e conseguem transmitir de forma clara e forte o drama sofrido pelos presidiários. Andy demonstra em suas falas que, por mais difícil que possa ser sua vida, ele continua acreditando que exista uma luz no fim do túnel. Já Red assume mais o papel do homem que está ali para consolar e mostrar como as coisas são. Ele é mais realista e conformado com o seu destino, mas no fim acaba se iludindo com Andy e tem a esperança de que também pode sair dali algum dia. Ambos formam uma dupla de forte amizade pela qual vale a pena torcer.

Tecnicamente, Um Sonho de Liberdade possui uma trilha sonora muito boa e muito bem aplicada, além de uma fotografia muitíssimo bem trabalhada, conseguindo esse feito mesmo que aproximadamente 80% do filme se passe dentro da prisão. É uma super-produção com qualidades artísticas que excedem os bons filmes da atualidade, mesmo muitos que consideram-se “arte”. Isso é raro!

Ao final, vemos que podemos prender uma pessoa, seu corpo, mas não conseguimos manter presos sua mente e seu espírito e nem retirar suas esperanças quando a mesma acredita fielmente que vai conseguir o que deseja e luta corajosamente para isso acontecer. É um ótimo filme, que recomendo, mas é lamentável que não tenha recebido nenhum dos prêmios aos quais foi indicado no Oscar. A sua maior recompensa, no final, foi o grande apoio do público.

Por Tatiane Crescêncio, no site CinePlayers

Orgulho e Preconceito

O grande problema de um roteirista ao adaptar um livro para o cinema, seja ele qual for, é conseguir captar todas as nuances que o escritor deu ao seu trabalho na transposição. Justamente na forma como o roteiro de "Orgulho e Preconceito" foi tratado que reside o seu maior defeito: falta-lhe a ironia fina, a sagaz observação aos padrões da época que permeia cada entrelinha dos escritos de Jane Austen.

Austen (1775-1817), nascida em Hampshire, Inglaterra, foi a filha caçula de oito irmãos de uma família tradicional. Escreveu, aos quinze anos de idade, seu primeiro romance, Amor e Amizade, e em 1796 deu cabo a Primeiras Impressões, que acabou sendo recusado por um editor. Austen então o reescreveu totalmente, e o rebatizou de Orgulho e Preconceito, sendo este lançado somente em 1813, e que acabou se tornando seu romance mais famoso.

Orgulho e Preconceito, assim como as demais obras de Austen, acabou recebendo várias adaptações para o cinema. Greer Garson e Laurence Olivier, em 1940, já travavam as batalhas intelectuais do romance. Em 1995, foi a vez de Jennifer Ehle e Colin Firth, em uma aclamada minissérie feita para a televisão britânica. Dessa vez, os papéis principais ficaram com a irradiante Keira Knightley e o soberbo Matthew Macfadyen.

A história do filme (ou do livro, como preferir) se centra na tradicional família Bennet, onde Sr. (Donald Sutherland, em notável atuação) e Sra. Bennet (Brenda Blethyn, escorregando de vez em quando) estão às voltas com o alvoroço que um recém-vizinho rico, Sr. Bingley (Simon Woods), tem causado em suas cinco filhas, principalmente em Jane (Rosamund Pike), que enxerga nele o casamento dos seus sonhos. Naquela época, o enlace matrimonial era coisa séria: não casar significaria à pobre moça o estigma de solteirona, perdedora e infeliz. Portanto, não casar não era uma atitude feminista, simplesmente não era adequado à época.

Elizabeth Bennet (Knightley) é uma moça à frente do seu tempo. Não tão bonita quanto a sua irmã e de uma sagacidade e inteligência superior, ela enxerga com outros olhos a vida e o seu destino. Mas acaba envolvida com o melhor amigo do Sr. Bingley, o aristocrata e pedante Sr. Darcy (Macfadyen). Inicialmente, como em toda história de amor que se preze, eles não se bicam: ela, por achá-lo soberbo; ele, por desprezar a condição social dela. Depois, ele acaba por se apaixonar por ela e, mesmo amarrado aos preceitos da época, se declara, mas é rejeitado. Até que enfim acertam os ponteiros.

É uma história de amor, sim, e das mais belas, mas o que falta ao filme é exatamente um olhar mais satírico por parte da roteirista estreante em cinema Deborah Moggach. Tanto é que o filme muitas vezes percorre a perigosa linha do "filme açucarado de mulherzinha". Mas há de elogiar o roteiro em uma questão: há diálogos inteiros do livro fielmente transpostos, algo rarísismo de se ver hoje em dia, o que prova que a roteirista manteve, acima de tudo, o respeito pela obra em questão.

O diretor Joe Wright, egresso da tevê e também estreante na tela grande, faz um trabalho bastante acadêmico, bem quadradinho. Pausado, não tem pressa em construir seus personagens e consegue envolver o espectador – e nesse ponto ajuda, e muito, a climática e solar trilha de Dario Marianelli. Em certo momento, a câmera de Wright passeia por cômodos mostrando vários personagens, em um belo momento de arrojo. Deve ter deixado James Ivory morrendo de inveja.

(Por Andy Malafaya, no site Cineplayers)

"O Pianista"

Durante a II Guerra Mundial, o famoso pianista judeu polonês Wladyslaw Szpilman vê sua família ser deportada, em 1942. Ele consegue se salvar, por puro acaso, do comboio da morte. Um policial, também músico, o arranca do vagão. Mas é enclausurado junto com outros milhares de judeus no Gueto de Varsóvia, errando às escondidas durante mais de dois anos e passando por sofrimentos, humilhações e lutas impossíveis numa Varsóvia dominada pelos nazistas. Doente, solitário e faminto, deve sua vida a outro oficial alemão, católico, Wilm Hosenfeld, que tem uma paixão exagerada pela música. Abalado pelos crimes nazistas, decide ajudá-lo a sobreviver.

Três etapas dividem o filme ("O Pianista", 2002): a opressão sufocante da sucessão de leis anti-semitas, que os judeus da época queriam acreditar, a cada novo decreto, que aquele seria o último. O medo, frente ao nazismo, presença estranha e desumana, que ameaçava pessoas e famílias inteiras. Enfim, o inexplicável dos crimes imprevisíveis e frios, que não deixam margem para esperanças. Polanski consegue fazer esta reconstituição com rara autenticidade. No filme "O Pianista" não se chora, mas um sentimento de revolta e de raiva se apodera do espectador diante da maldade dos carrascos.

Neste filme, o diretor Roman Polanski quis reatar seus laços com sua origem judeu-polonesa, com infância passada no Gueto de Cracóvia. Sua mãe morreu no campo de concentração e, embora seu pai tivesse sobrevivido, o mais terrível de tudo é que uma criança resiste a tudo, mas fica marcada para sempre quando é separada dos pais, diz Polanski, em entrevista a O Estado de S. Paulo, em 9 de outubro de 2002. "Sempre soube que um dia faria um filme sobre o Gueto de Varsóvia, sobre esse período doloroso da história da Polônia, mas não queria que fosse autobiográfico. Desde a leitura dos primeiros capítulos das memórias de Szpilman, soube que 'O Pianista' seria objeto de meu próximo filme. Era a história que eu precisava: apesar do horror, positiva e cheia de esperança. Sobrevivi ao bombardeio de Varsóvia e ao Gueto de Cracóvia e quis recriar as lembranças de minha infância. Quis ficar o mais perto possível da realidade e não filmar à moda de Hollywood."

A história de Spzilman permitiu a Polanski reviver sua própria história e o tema do isolamento humano, tão caro a ele, reaparece no filme através de janelas: quando Spzilman é obrigado a pular de abrigo em abrigo, de um apartamento de amigos poloneses para outro, vemos o Gueto de Varsóvia através de seus olhos. Vemos o que ele vê e, mais importante ainda, da forma como ele vê. Esses fatos estão inscritos na sua consciência e vão moldar sua memória para o resto da vida.

No livro que escreveu, Szpilman nunca se coloca como herói, mas como um sobrevivente acidental, um homem que por ironia do destino deve sua vida ao inimigo.

** PASSADO COMUM

Vários filmes, como "A Lista de Schindler", de Spielberg, ou "A Vida é Bela", de Roberto Begnini, tentaram mostrar a dimensão do que foi o Holocausto. Algumas das cenas do filme "O Pianista" impressionam por seu realismo. A cena final, em que Szpilman se encontra na Varsóvia do fim da guerra, parece uma arena de sobreviventes de um pesadelo.

Foi difícil achar os lugares em ruínas que a história exigia. Portanto, foi necessário reconstruir a cidade a partir de vários elementos. Algumas ruas foram inteiramente reproduzidas em um estúdio de Berlim.

Polanski sabe que o cinema é incapaz de recriar o passado. Mas a história de Szpilman está aí para servir à visão de Polanski. Numa das cenas mais emocionantes do filme, o oficial que o salva da morte ordena ao pianista que toque, a fim de provar que é mesmo talentoso e famoso. Szpilman obedece, mesmo sem ter tocado desde o início da guerra. A cena é um tributo ao significado da sobrevivência.

Em outra cena inesquecível, antes de embarcar nos trens para os campos que matariam seus pais, duas irmãs e um irmão, o autor divide com eles uma barra de caramelo cortada em seis, sua última refeição juntos. Em nenhum momento do livro, Szpilman mostra desejo de vingança. No fim da guerra, tenta encontrar e salvar da prisão russa o oficial alemão que o tinha ajudado.

No filme, Polanski processa sua própria biografia e faz seu auto-retrato com a ajuda de outro auto-retrato. Mesmo sendo tocado diretamente pelo tema, rejeita a emoção fácil e faz o espectador descobrir mais um surpreendente testemunho do heroísmo do Gueto de Varsóvia. Tanto no livro como no filme, "O Pianista" toca fundo em nossa alma. Sua lucidez e coragem, em condições onde uma migalha de pão fazia a diferença entre a vida e a morte, conseguem transmitir uma lição de vida. Como documento, "O Pianista" nos dá a oportunidade de acompanhar a trajetória de um homem determinado a viver, a qualquer preço. O lirismo do músico, aliado a uma inteligência crítica, faz o espectador querer ir cada vez mais fundo em seu passado. E assim como Polanski se identificou e se emocionou com esse vigoroso relato, nós, também, revivemos através do filme, uma vez mais, um dos mais dramáticos episódios da História Judaica: a destruição em massa dos judeus de Varsóvia.

(Do site Morasha)

A Sombra e a Escuridão

Dirigido pelo competente Stephen Hopkins, "A Sombra e a Escuridão" (EUA, 2001) reuniu os astros Michael Douglas e Val Kilmer em uma movimentada e tensa aventura nos confins da África, no século 19 (o filme é baseado em história real). A dupla precisa matar dois leões sanguinários e extremamente inteligentes que impedem a construção de uma ferrovia. As feras caçam juntas, sem medo dos homens ou do fogo. Pior, matam por prazer e não para se alimentar, e têm um instinto quase sobrenatural para perceber as armadilhas que lhes são preparadas. O famoso caçador Remington (Douglas) e o engenheiro civil Patterson (Kilmer) tentam deter esses implacáveis monstros. Mas, nesta impressionante história de homens contra feras, os caçadores tornam-se a caça.

Ação de primeira, bonitas locações, astros e uma direção eficiente fazem de "A Sombra e a Escuridão" um filme/documentário interessante. Mas é bom advertir que há cenas fortes (especialmente quando os leões atacam suas presas) e um clima de suspense do começo ao fim. Por isso mesmo, não é recomendado para pessoas muito sensíveis e, sobretudo, para crianças.

(Com informações do site www.videolar.com)