quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Um Sonho de Liberdade


É considerado por muitos como um dos melhores dramas já produzidos no cinema, embora, em 1995, tenha perdido o Oscar de melhor filme para Forrest Gump - O Contador de Histórias. Também foi indicado nas categorias de melhor ator com Morgan Freeman, melhor roteiro adaptado, melhor montagem, melhor fotografia, melhor som e melhor trilha sonora, mas infelizmente não conseguiu levar nenhum desses prêmios.

Os prêmios não refletem a realidade da qualidade da produção: Um Sonho de Liberdade, do diretor Frank Darabont, realmente pode ser considerado como um dos grandes filmes de Hollywood na década de 90. Dessa forma, é interessante ressaltar aqui que o diretor parece gostar de produzir dramas, pois o mesmo, além deste, fez outra produção em 1999 - À Espera de um Milagre - que também, em sua maioria, se passa em uma penitenciária. Ambos foram escritos pelo famoso Stephen King.

O filme conta a história de Andy Dufresne, um banqueiro que foi injustamente condenado à pena de prisão perpétua pelo homicídio de sua mulher e seu amante, a ser cumprida na penitenciária de Shawshank, em 1947. Calado e misterioso, Andy atrai a atenção de muitos presos, inclusive de Ellis Boyd Redding, conhecido como Red, que se torna seu amigo com o passar do tempo. Porém, por possuir grandes conhecimentos financeiros, Andy acaba sendo vítima de mais injustiças, onde os guardas o exploravam para conseguir dinheiro fácil. Apesar das chances serem quase nulas, ele tenta não desistir de lutar por sua liberdade.

O que mais chama a atenção nesta produção é o roteiro, que foi muito bem elaborado e trabalhado, enfatizando em vários momentos a dura realidade de quem está atrás das grades e como esta pessoa consegue conviver sabendo que não tem chances de sair de lá algum dia. Não deixando de apresentar todas as situações que podem acontecer em uma prisão, desde uma pequena briga ou discussão até a corrupção existente entre os funcionários e administradores, a força do filme está também na sua diversidade: uma prisão como a apresentada no filme pode tornar-se um mundo totalmente à parte do nosso mundo, e os valores lá dentro podem ser totalmente diferentes dos nossos valores, como cidadãos livres.

Quanto aos personagens, seus diálogos são muito bem elaborados e conseguem transmitir de forma clara e forte o drama sofrido pelos presidiários. Andy demonstra em suas falas que, por mais difícil que possa ser sua vida, ele continua acreditando que exista uma luz no fim do túnel. Já Red assume mais o papel do homem que está ali para consolar e mostrar como as coisas são. Ele é mais realista e conformado com o seu destino, mas no fim acaba se iludindo com Andy e tem a esperança de que também pode sair dali algum dia. Ambos formam uma dupla de forte amizade pela qual vale a pena torcer.

Tecnicamente, Um Sonho de Liberdade possui uma trilha sonora muito boa e muito bem aplicada, além de uma fotografia muitíssimo bem trabalhada, conseguindo esse feito mesmo que aproximadamente 80% do filme se passe dentro da prisão. É uma super-produção com qualidades artísticas que excedem os bons filmes da atualidade, mesmo muitos que consideram-se “arte”. Isso é raro!

Ao final, vemos que podemos prender uma pessoa, seu corpo, mas não conseguimos manter presos sua mente e seu espírito e nem retirar suas esperanças quando a mesma acredita fielmente que vai conseguir o que deseja e luta corajosamente para isso acontecer. É um ótimo filme, que recomendo, mas é lamentável que não tenha recebido nenhum dos prêmios aos quais foi indicado no Oscar. A sua maior recompensa, no final, foi o grande apoio do público.

Por Tatiane Crescêncio, no site CinePlayers

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